autor: Rômulo de Paula Andrade
O livro explora as políticas de desenvolvimento na Amazônia durante o século XX, entre o Estado Novo e o início da ditadura militar. Com base em pesquisa histórica detalhada, o autor revela a maneira com que políticas de saúde, saneamento e infraestrutura foram usadas como ferramentas para integrar a região ao projeto nacional desenvolvimentista, frequentemente desconsiderando as tradições locais e provocando impactos socioambientais significativos.
Dividida em sete capítulos, a obra oferece uma análise cronológica e temática dos esforços para transformar a Amazônia em um polo de integração econômica. Andrade baseia-se em vasta documentação, incluindo relatórios governamentais, periódicos científicos e arquivos de agências internacionais, apresentando uma narrativa complexa que envolve uma diversidade de agentes.
No primeiro capítulo, o livro destaca as primeiras intervenções na saúde pública da Amazônia durante o governo Vargas (1930-1941), apresentando a região como um território a ser "conquistado". No capítulo seguinte, destaca-se o papel de Evandro Chagas e a criação de instituições científicas voltadas ao controle de doenças, especialmente durante a Batalha da Borracha (1934-1942). A análise avança, no terceiro capítulo, com a cooperação entre Brasil e EUA durante a Segunda Guerra Mundial (1942-1945), com o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) focado no combate à malária. A quarta seção aborda a Marcha para o Oeste e outros planos de desenvolvimento e integração econômica da região na década de 1940. O quinto capítulo dá conta das discussões sobre nutrição, o papel da mandioca e os esforços para enfrentar a fome. Andrade examina no sexto capítulo a atuação de agências internacionais como a FAO e o Unicef e a valorização econômica da Amazônia. Por fim, o autor reflete sobre a construção da rodovia Belém-Brasília, ressaltando seus impactos ambientais e sociais como um exemplo das contradições do projeto desenvolvimentista.
A obra de Andrade oferece uma leitura crítica e densa sobre as políticas de desenvolvimento na Amazônia, demonstrando como o progresso foi frequentemente sinônimo de exploração e destruição. Um convite à reflexão sobre os desafios contemporâneos do desenvolvimento sustentável, evidenciando a necessidade de se repensarem as políticas para a região à luz de sua rica história e complexidade socioambiental.
ISBN: 978-65-5708-146-4
2024, p. 395: il.; tab.
Sumário
Prefácio
Apresentação
1. “Localidades em que se nasce, se morre, mas não se vive”: ideias de saúde e saneamento para a Amazônia, 1930-1941
2. Evandro Chagas e as instituições científicas de saúde e saneamento na Amazônia, 1934-1942
3. Fred L. Soper, João de Barros Barreto e o Serviço Especial de Saúde Pública: contextos em movimento, 1942-1945
4. A Amazônia das décadas de 1940 e 1950: desenvolvimento, valorização econômica e narrativas
5. A Civilização da Mandioca sob os cuidados da nutrição: escritos sobre a alimentação na Amazônia
6. Ideias amplas, ações pontuais: agências internacionais e programas de saúde na valorização econômica da Amazônia
7. “E a selva foi conquistada...”: natureza e progresso na construção da rodovia Belém-Brasília
Conclusão
Referências e fontes
Em acesso comercial no SciELO Livros