Autora: Luciane Ouriques Ferreira
Compreender o processo de emergência das medicinas tradicionais indígenas no campo das políticas públicas de saúde indígena é o objetivo deste livro, que analisa os discursos proferidos por uma diversidade de atores – indígenas e não indígenas, governamentais e não governamentais, nacionais e internacionais. Dessa forma, a obra revela uma dinâmica que vai do global e ao local, e transforma os contextos envolvidos, originando novas formações culturais. As políticas públicas que qualificam os seus objetos e público-alvo com a categoria ‘tradição’ conformam uma formação discursiva, definida pela autora como ‘políticas da tradição’. Um exemplo são as políticas voltadas à saúde indígena, que têm buscado reconhecer a eficácia das medicinas tradicionais indígenas e articulá-las com o sistema oficial de saúde. No entanto, “ao serem apropriados pelos povos indígenas, os discursos oficiais são postos a serviço dos seus interesses culturalmente situados – assim, estamos diante do fenômeno da indigenização”, diz a pesquisadora. E essa ‘indigenização’ se refere aos processos “levados a efeito pelos povos indígenas ao se apropriarem das políticas públicas a fim de manter a sua autonomia e reverter a seu favor o controle que o Estado passa a exercer sobre o mundo da vida de suas comunidades”. O livro busca contribuir para a consolidação do direito indígena à atenção diferenciada à sua saúde, considerando as relações historicamente construídas entre povos indígenas e Estado.
ISBN: 978-85-7541-424-8. 2013. il., tab. | 202 páginas
Sumário:
Apresentação
1) Estado-Nação, Poder e Modernidade: revisitando conceitos
2) Os Discursos Oficiais e a Emergência do Tradicional como Objeto de Políticas Públicas
3) Contextos de Emergência das Vozes Indígenas: os encontros de parteiras, pagés e AISs no Alto Juruá
4) Cursos, Partos e Parteiras Tradicionais: apropriações indígenas dos conhecimentos e das coisas do branco
5) Os Outros Cuidadores: agência, intermedicalidade e gênero
6) Folhas, Rezas e Dietas: a emergência da medicina tradicional e do pré-natal indígena
7) Contrato, Dádiva e a Luta por Reconhecimento
Conclusão
Referências
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