Autora: Jessica A. J. Rich
A política brasileira de HIV/Aids é tida como um exemplo de política pública bem-sucedida e reconhecida em todo o mundo. Ativismo Patrocinado pelo Estado: burocratas e movimentos sociais no Brasil democrático ajuda a compreender esse fenômeno, incluindo suas etapas, lutas, resistências, mobilizações e desafios. Escrito pela cientista política norte-americana Jessica A. J. Rich, o título é uma tradução - feita por Maria Lucia de Oliveira - de State-Sponsored Activism: Bureaucrats and Social Movements in Democratic Brazil, publicado em 2019 pela Cambridge University Press.
Na pesquisa que originou a obra, a autora propõe uma série de relevantes contribuições sobre a história de resposta social e política do Brasil diante da epidemia de Aids, desde o início dos anos 1980. Rich analisa as políticas de HIV e Aids no país para desvendar as relações complexas entre a sociedade e o Estado no contexto do Brasil democrático. Desde a Constituição Cidadã de 1988, seguida da implementação e da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), diversas fases desse processo foram sendo fortalecidas. "O surgimento, em meados dos anos 1990, de terapias eficazes para o tratamento do HIV e da Aids abriu um novo espaço para a concretização desses diversos desenvolvimentos históricos em uma política de Estado pioneiro de acesso aos medicamentos antirretrovirais", lembra o antropólogo Richard Parker, diretor-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia) e autor do prefácio do livro.
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A partir dessa conquista, a pesquisadora mostra a importante parceria na mobilização do Estado e da sociedade civil brasileira, ao longo dos 15 anos seguintes, construindo o que hoje pode ser descrito como uma espécie de "época de ouro" na história da resposta brasileira à epidemia. A autora examina como o Brasil assumiu um papel de liderança internacional no enfrentamento do HIV e da Aids em escala global. Esse tipo específico de relações entre Estado e sociedade é denominado por Rich como um modelo de corporativismo cívico, marcado pelo pluralismo, em que os atores governamentais estruturam e subsidiam a sociedade civil.
A pesquisa de Jessica contemplou entrevistas e trabalho de campo, que documentam como a primeira geração de ativistas de Aids pressionou representantes do Estado a agir e repensar suas políticas, adotando uma perspectiva ativista que acabou instalada no Estado em meados da década de 1990. O título avalia, portanto, a complexidade dos processos de democratização que atravessaram o país nas últimas décadas. Em sete capítulos, Rich discorre sobre questões fundamentais como as reclamações e oportunidades que marcaram o sucesso inicial do movimento de Aids no Brasil, a expansão do movimento pelos burocratas e pelas organizações de base, chegando à analise do surgimento de movimentos sociais híbridos e, por fim, reexaminando as relações Estado-sociedade no século XXI.
A escritora examina como um grande número de especialistas e ativistas desses movimentos assumiram empregos e cargos nas burocracias governamentais a fim de avançar novas políticas de combate às desigualdades social e econômica. A partir dessas análises e contribuições, o volume se mostra relevante não apenas para a ciência política, mas também para os estudos de saúde coletiva do país.
Sobre a autora
Doutora em Ciência Política pela Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA), Jessica A. J. Rich é professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de Marquette, no estado de Wisconsin, Estados Unidos.
Primeira edição (português): 2021 | 302 páginas
Título original: State-Sponsored Activism: Bureaucrats and Social Movements in Democratic Brazil (2019)
ISBN (impresso): 978-65-5708-031-3
eISBN (digital): 978-65-5708-104-4
Prefácio
Apresentação à edição brasileira
Apresentação
Agradecimentos
1. Uma Nova Abordagem para o Estudo da Sociedade Civil
2. Reclamações, Recursos e Oportunidades: o sucesso inicial do movimento de Aids no Brasil
3. Transformações no Estado
4. A Expansão do Movimento pelos Burocratas
5. A Expansão do Movimento pelas Organizações de Base
6. O Surgimento dos Movimentos Sociais Híbridos
7. Reexaminando as Relações Estado-Sociedade no Século XXI
Referências
Apêndice
Índice
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